A lebre e a tartarugaA Proposta: O TEATRO PARA CRIANÇAS DE 8 A 10 ANOS.

A escolha da peça pode recair sobre fábulas e lendas, que constituem uma experiência que atende a um momento especial no desenvolvimento da criança e às suas necessidades específicas. É neste contexto que a prática do teatro entra como importante auxiliar no aprofundamento destes conteúdos e vivências. Também outros temas do ano, como o estudo do tempo ou do ciclo da água, podem ser dramatizados.

1º. Apresenta-se a fábula para as crianças em sala de aula;

 Antes de contar uma fábula às crianças, o importante, no âmbito do teatro, não é a descrição física, muito menos detalhes científicos, mas as características do personagem, seus hábitos, gestos, o ambiente em que vive ou se esconde (no caso de um animal, um lobo, por exemplo), seu convívio com outros animais etc. Uma descrição colorida e bastante adjetivada, que pode introduzir um pequeno resumo sobre o texto, o qual se fará acompanhar por gestos característicos, que integrarão a parte rítmica da aula;

2º. Com os alunos já familiarizadas com o texto, conta-se a história com riqueza de detalhes;

3º. Pede-se que os alunos recontem com suas próprias palavras a história que ouviram na aula anterior. Depois, podem desenhar livremente, ou inspirados por um belo desenho que o professor fez na lousa; pensar em uma cenário... Não importa tanto aqui a estética das formas, mas, muito mais, a atmosfera emocional caracterizada através das cores; ela ajudará a despertar no aluno o ambiente da história;

4º. Após essa vivência é que se inicia a dramatização propriamente dita, utilizando um texto simples, como o exemplificado neste projeto: a lebre e a tartaruga;

5º. Escolha dos personagens; responsáveis por cenários, música, etc...;

6º. O processo de montagem -  todas as crianças vão se familiarizando com o texto inteiro, sempre acompanhado pelo professor ou, mais tarde, por uma criança que poderá ser o narrador e auxiliar para conduzir o grupo; todas passam pela experiência de ser um personagem ou um narrador,  ora em grupos, ora individual, até a montagem final, quando se pode ter um coro como narrador, e, os vários personagens – responsáveis pelo cenário, etc...;

7º.. O figurino - pode-se caracterizar o que é essencial na fábula, -, cada animal..;

8º. O cenário - explora-se o ambiente da história através da qualidade das cores, personagens;

9º. Escolha das músicas;

10º. Ensaios; definir uma data para apresentação para a escola, pais...  

A LEBRE E A TARTARUGA

Narrador: A lebre vivia a se gabar de que era o mais veloz de todos os animais. Até o dia em que encontrou a tartaruga...

 

Cenário: floresta: arvores, sinal de largada no chão...material preparado pelos alunos...

 

Narrador: Os bichos resolveram fazer uma competição de corrida....

 

 A tartaruga: Eu tenho certeza de que, se apostarmos uma corrida, serei a vencedora – desafiou a tartaruga.

 

A lebre:  caiu na gargalhada.

– Uma corrida? Eu e você? Essa é boa!

 

Tartaruga: Por acaso você está com medo de perder? – perguntou a tartaruga.

 

Lebre – É mais fácil um leão cacarejar do que eu perder uma corrida para você – respondeu a lebre.

 

Todos os animais resolveram fazer uma reunião para escolher o juiz da prova...O leão, o cachorro, o gato, o coelho...

 

A votação – Alunos preparam a urna, os papeis para a eleição e participam da apresentação...eleição...contagem de votos...

Os juízes, sentados numa mesa, observando a corrida entre a lebre e a tartaruga...simulam comentários entre si...  

 

 Os escolhidos participam da prova; forma-se grupos de torcida pela tartaruga e lebre...

 

Sinal de largada – desenho no chão (pode ser circular no palco com setas indicando o sentido); faixa de sinal de chegada...

 

Um bicho da sinal de largada: um, dois, três e, já!

 

Bastou dar o sinal da largada para a lebre disparar na frente a toda velocidade. A tartaruga não se abalou e continuou na disputa...sempre devagar...

 

A lebre logo se cansou e, estava tão certa da vitória que resolveu tirar uma soneca embaixo de uma árvore. Resmungou...

- Ah vou tirar uma soneca...Estou tão cansada..."Se aquela molenga passar na minha frente, é só correr um pouco que eu a ultrapasso"

 

A tartaruga continuou...devagar e sempre...A lebre dormiu tanto que não percebeu quando a tartaruga, em sua marcha vagarosa e constante, passou.

A lebre acordou e, continuou a correr com ares de vencedora. Mas, para sua surpresa, a tartaruga, que não descansara um só minuto, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar.

. Muitos aplausos....O vencedor foi???

 

A torcida da tartaruga vibram e pulam de alegria...

 

A da lebre...ficam inconformados...

 

. A lebre inconformada...Como foi isso??? Como Assim???

 

A tartaruga: Quem segue devagar e com constância sempre chega na frente.

 

. A tartaruga humildemente recebeu o seu troféu de chegada.

 

Desse dia em diante, a lebre tornou-se o alvo das chacotas da floresta.

 

. Todos os bichos...Aêeeeee!!! o que aconteceu com você lebre...risos

 

. Ah eu só dei uma cochiladinha....Mas, eu sou o animal mais veloz!!! Levantado os braços...

 

O público dá vaias...

 

Todos lembravam-na de uma certa tartaruga...veja a vencedora!!!

 

Cartaz – no final  para apresentação ao público -  Moral: Quem segue devagar e com constância sempre chega na frente.

 

(Jean de La Fontaine. In: Fábulas de Esopo. Editora Scipione, São Paulo. 2000. Adaptação da fábula “A lebre e a tartaruga” por  Maria Teixeira.

3. Comentários sobre as fábulas

   Na clássica fábula “A lebre e a tartaruga”, observamos a escolha de dois animais com características importantíssimas para o desenvolvimento do enredo:

Uma corrida vai acontecer e para vencer é preciso ser o mais rápido. Para estabelecer o conflito às personagens escolhidas são: a lebre, animal ligeiro e a tartaruga, animal que se movimenta devagar.

Temos aqui uma competição entre o mais rápido e o mais lento – o que, em princípio, indicaria a vitória da lebre. Entretanto, movida pela autoconfiança exagerada e acreditando que venceria sem qualquer esforço, torna-se descuidada e se distrai do seu objetivo, quando resolve dormir. Neste momento de 'fraqueza' acaba possibilitando à tartaruga, em desvantagem natural, conquistar a vitória.

Nesta fábula quem vence é quem é o 'mais fraco' porque possui outra qualidade que o torna superior à lebre, neste contexto. A tartaruga não se desvia da meta e assim a sua fraqueza é convertida em força, pelo seu compromisso com a corrida.

Podemos observar, ainda, que a tartaruga não deixa de se manter coerente em relação à fábula clássica: ela perseverou em seu objetivo, sem se importar com o custo.

A perda, neste caso, não foi lamentada pela personagem que termina a fábula feliz porque ganhou algo.

Esse é um exemplo para aquele aluno que sempre é mais lento e, descobre que pode melhorar no seu processo de aprendizagem por esforço próprio e perseverança como é o caso da tartaruga.