Bem-vindo ao site espaço da psicopedagogia

       O objetivo desse projeto é disponibilizar aqui informações, leituras pertinentes sobre educação de crianças, e trocar experiências com educadores, pais e profissionais da Educação.  É dividir com os interessados no tema algumas descobertas que fiz e que podem facilitar o trato com os pequenos. Quando digo educadores, me refiro aos pais, professores e a todos aqueles que lidam com crianças e acreditam que educar é muito mais do que ensinar uma disciplina ou outra. 

     Aprendi que se usarmos melhor duas ferramentas que temos a nosso favor - a palavra e a escuta -, poderemos favorecer a conquista da formação moral e autonomia da criança.

    Busco esclarecer pelo menos parte das preocupações morais tão cobradas nos dias de hoje e faço um resgate das grandes mudanças sociais ocorridas ao longo da história humana. Mudanças estas que promoveram alterações de comportamentos e um entendimento de condutas diferentes por parte de quem educa. O objetivo é tratar da questão do que é “ter” ou “não ter” limites e como isso está implicado no desenvolvimento integral da criança: cognitivo, afetivo, moral e intelectual. Alguns dos posicionamentos seguem uma perspectiva psicanalítica por acreditar no inconsciente e entender que há questões cognitivas e outras que estão implicadas na história de vida de cada sujeito. 

Obrigada por acessar o meu site!

 E para trocas de experiências há um link disponibilizado para você!  

Um abraço, 

Maria Teixeira

 

Introdução

     A leitura e a escrita constitui um sistema de representação da linguagem. Quando adquirida, converte-se numa aprendizagem conceitual.     

     A escrita é uma representação gráfica da linguagem, cuja finalidade primordial é a leitura.

    Aprender a ler e escrever implica em saber operar os símbolos, imagens e idéias. Envolve a compreensão da natureza do sistema de representação da escrita e a descoberta das leis que regulam a leitura e a escrita.    Para isso, a criança precisa se apropriar dos objetos culturais   para depois conseguir reinventar o sistema de representação da linguagem escrita e, conseguir trabalhar com os conteúdos procedimentais.                    

  Algumas crianças na fase de alfabetização apresentam dificuldades para compreender os sistemas de escrita existentes que representam a sua cultura.

  O Atendimento Psicopedagógico objetiva dar assistência ao sujeito que se encontra impedido no seu processo de aprendizagem. E tem por objetivo despertá-lo para as aprendizagens, operacionalizando mudanças que ampliem a sua visão de mundo, sua auto-estima, sua auto-imagem, despertando nesse, a satisfação em adquirir novos conhecimentos e, possibilitando seu crescimento pessoal e, a o exercício consciente de sua cidadania.

                 

 

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Galeria de Fotos: A criança precisa brincar...

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A criança e o seu amigo inseparável...o computador! 

    Segundo pesquisas, as crianças dedicam em média, 40 horas semanais a um companheiro inseparável, o computador, considerado por muitos, uma “babá” eletrônica perfeita.  Mas, a violência apresentadas nos jogos interativos, as imagens de sexo e as salas de bate papo, têm levado pais e educadores a rever o papel do computador na formação das crianças. A discussão tem girado em torno de polêmicas propostas de censura e da necessidade de um código de ética mais eficiente ao acesso infantil. Mas ela também passa pelo reconhecimento de que os sites que a criança acessa, os jogos são criados por adultos que nem sempre usam a linguagem mais adequada.    

 Mariazinha Fusari, professora da USP, além de grande incentivadora dos brinquedos educativos, a pedagoga realizou vários estudos sobre esse tema –, elaborou vídeos, faz palestras, onde apresenta relatos de pais e educadores sobre essa questão, bem como, a forma como os adultos (pais de professores), que estão do outro lado da tela do computador deve proceder.  Salienta a importância dos pais e educadores pensarem num “Projeto de Infância”.   Segundo ela, O ser humano é um ser lúdico. Ela apresenta algumas sugestões de como lidar com o que a mídia nos apresenta:  

·      As temáticas apresentadas pelas mídias se repetem e os pais e educadores precisam pensar num projeto de infância para essas crianças; pensar que adulto que queremos que sejam. 

·      Os produtores de jogos eletrônicos, programas infantis precisam rever a carga com que contam suas histórias.

·      Os pais e professores precisam apresentar novas brincadeiras “brincar junto”.   

·      Os acessos aos jogos, sites e alguns programas de TV, podem ser bloqueados pela família. Pesquisas mostram que os pais estão ponderando muito mais isso hoje em dia.

·      Quanto à exploração de sexo, pode surgir o efeito da erotização precoce nas crianças, mas segundo a autora, esse efeito não é direto, mecânico. A criança se informa da questão, e os pais a orientam quando questionados, mas devem bloquear esses acessos.  

   Defende que, as instituições responsáveis pela Educação escolar, e a pedagogia devem desenvolver com seus alunos um projeto de infância, para que esses professores possam aplicar nos seus alunos. Desenvolver a habilidade de criar brincadeiras que incluam jogos eletrônicos, pesquisas on-line e, outras propostas que façam parte da realidade do aluno.   

       Segundo a autora, a Escola é também um lugar de se criar brincadeiras. O lúdico é muito importante. Ela diz que o que falta é trazer brincadeiras de outras épocas; os pais e educadores criarem brinquedos com as crianças; apresentar alguns brinquedos que eram fabricados na sua época. A criança aprenderá a criar seu brinquedo, e desenvolverá sua criatividade na Escola e em casa.

       Os brinquedos eletrônicos que estão presentes muito recentemente na vida de nossas crianças, contribuem muito para o isolamento da criança; ela passa a brincar sozinha e perde um valor importante que é compartilhar com o outro -, a comunicação que se faz tão necessária nos dias de hoje.   Os pais e educadores devem pensar num projeto de infância, saber organizar as horas de lazer de seus filhos, articular as brincadeiras com horário de estudo, e controlar o que é apresentado pelas diversas mídias.    

O computador, não é apenas mais uma forma de lazer. Pelas suas características audiovisuais e enorme capacidade de prender a atenção, vencendo barreiras de tempo e de espaço, reveste-se ele de importante função social, informativa, instrutiva. Mas, não podemos desconsiderar, que apesar de propiciar diversão, ela constrói na criança,  valores, idéias...   

       É preciso ter o discernimento para avaliar, de um lado, as condições de recepção das emissões, as predisposições e tendências do público infantil, e de outro, a maneira pela qual se organiza o que é acessado pela criança. Somente o adulto consciente, poderá avaliar quais os objetivos e motivações de seus realizadores.  

Outra questão importante a ser avaliada, é: que influência tem o computador no aproveitamento escolar de seu filho(a)? Quais as reações dele(a) diante das cenas de violência, sexo? Que acessos são os seus preferidos e,  qual o papel da família no controle e orientação desse acesso?   

Quando observamos o papel que o computador ocupa hoje na vida de nossas crianças, constatamos facilmente que representa um lugar privilegiado. A imagem, associada ao movimento e ao som, fascina e satisfaz imediatamente o seu público. Para sua utilização, entretanto, torna-se preciso certa disponibilidade de recepção, o que veio a provocar mudanças de horários, impondo normas para sua adaptação às atividades diárias. Os primeiros estudos sobre o uso do computador pelas crianças, preocupavam-se com a  quantidade de tempo dispensado em frente a um monitor.   

Pesquisas realizadas em várias cidades do Brasil e de outros países comprovam que as crianças permanecem pelos menos 4 horas diante do computador. A hipótese é de que a estrutura familiar mudou e, as mães trabalham fora e as crianças ficam mais à vontade. Outro fator é conseqüente da violência urbana, como as crianças ficam mais presas em casa; as mães preocupadas com os problemas de agressões e perigo da presença de drogados ou outros marginais nas proximidades das residências preferem manter os filhos na segurança do lar, mesmo que para tanto passem o dia diante do computador.  

      O computador criou, mais intensamente que os outros meios de comunicação social, como a TV que num passado recente, era a grande preocupação dos pais, um relacionamento pessoal e costumeiro para com as crianças. Essa presença cotidiana e constante do computador no dia-a-dia das crianças tem provocado muitas inquietações nos pais e professores. Sua grande dúvida é de saber que tipo de influência ele exerce nesse fluxo contínuo de mensagens no desenvolvimento intelectual e na formação moral e social da criança.  

 Integrada no ambiente familiar, o computador passou a ser uma fonte de modelos e comportamentos comuns aos grupos de crianças que acessam os mesmos jogos, sites interativos, salas de bate papo, não se limitando a ser um mero objeto de distração e informações. Para as crianças solitárias, o computador transforma-se numa companhia agradável e sempre disponível.  

Estudos mostram que o fato das crianças seguirem os acessos lado a lado com os adultos e participarem nos comentários a respeito de diversas transmissões, acelera o processo de emancipação infantil, e conseqüentemente, modifica o relacionamento entre pais e filhos.  

Por outro lado, as crianças, que viviam um pouco à parte dos problemas dos adultos, passaram a tomar contato de vários problemas e situações que antes, eram poupadas. Hoje elas podem se manifestar a esse respeito, juntamente com os adultos. Os pais devem aproveitar esse momento para interagir com seus filhos, questionando-os sobre algumas questões, e orientado-os. 

 A partir de experiências que acumulam, as crianças vão se familiarizando pouco a pouco com o mundo particular do computador, e ao mesmo tempo chegam a compreender o mundo dos adultos. A aceitação das mensagens transmitidas pelos sites, entretanto, efetua-se no contexto de suas experiências. A criança assimila-as através das normas de comportamento determinadas pelo seu círculo social imediato: a família, seu grupo social e a escola.  

  Os resultados obtidos em diversas pesquisas mostram que o acesso ao computador não provoca influência negativa no desempenho escolar da criança, exceção feita no caso em que este se torne um internauta assíduo, não respeitando mesmo o horário de estudo e sono. As crianças que acessam jogos interativos e programações vespertinas passam a aprender muitas coisas que são pertinentes a sua idade.  

       Muitos pais se preocupam com a possível influência das cenas ou situações de violência nos jogos eletrônicos. De fato, esses tipos de jogos exercem uma espécie de fascinação sobre o público infantil, e ao difundir tais cenas podem provocar reações nocivas à sensibilidade das crianças. Estudos mostram que as crianças reagem diferentemente diante das cenas violentas. Os jogos mostrados de maneira realística, do gênero policial, investigativo, com assassinatos e crimes, provocam mais reações de medo que a violência estereotipada, principalmente quando acessam sozinhos.   

 Quando a criança é habituada a acessar jogos de violência, lutas, resistem aos suspenses, mas a maior parte dessas crianças tem pesadelo e perturbações de sono. O perigo que pode representar a exibição de jogos de violência e de comportamentos criminosos para as crianças provém do fato de que esses jogos podem estimular a agressividade nas que são frustadas e tenham natureza agressiva. A personalidade feminina se mostra mais sensível à violência dos jogos, e demonstram mais reações de medo que a personalidade masculina. Os meninos apreciam lutas e as demonstrações de força, e têm menos reações de medo que as meninas, até mesmo quando assiste um filme de terror, por exemplo. Mas, também podem ocorrer perturbações no sono quando muito imaturas. 

O melhor é incentivar jogos de diversão e criação!



 

 

 

DIA DAS CRIANÇAS

Nós crescemos e podemos até deixar de comemorar o Dia das Crianças, mas as lembranças desse dia especialmente dedicado aos pequenos podem durar por toda a vida, servindo como um estreitar de laços entre a família. Para os pais, podem surgir muitas dúvidas quanto à comemoração, cobrança de presentes, falta de tempo para fazer uma programação elaborada.  "Sem dúvida, o melhor presente é estar presente”. O interesse exagerado da criança por presentes pode advir de uma carência de atenção e do apelo excessivo da propaganda", de acordo com a psicopedagoga Maria Teixeira. Mas como lidar na prática com essas dúvidas?

Presentear ou não?

Toda criança gosta de brincar e ganhar presentes, mas o desejo exagerado por brinquedos também reflete o apelo para a data, que está em todas as lojas infantis das ruas, propagandas na TV e, dos shoppings da cidade. "Muitos pais se vêem na obrigação de presentear pelo fato de quererem suprir uma falta de atenção e tempo para os filhos". Dessa forma, independentemente de você dar o brinquedo dos sonhos ao seu filho no dia das crianças, é fundamental brincar e conversar com ele sempre.  Mostrar que nem todas as pessoas têm as mesmas oportunidades e privilégios.  Explicar a importância do dinheiro - o bem e o mal que ele pode causar, também é fundamental.

Brinquedos não substituem carinho e atenção. Sabemos que não há nada mais especial para os pais do que o brilho nos olhos de uma criança quando abre um pacote enfeitado, mas, presentear por obrigação, porque é “o dia de” pode estragar os pequenos. É prepará-los para o consumismo. É importante saber que uma criança não nasce consumista – ela é automaticamente inserida num contexto de consumo exacerbado. Há necessidade de orientar as crianças, discutir sobre as diferentes realidades sociais.   

O melhor presente é estar presente. Sabemos também que acertar na educação dos filhos é uma tarefa complexa.  Depende tanto do que os pais sentem, quanto dos seus valores, atitudes e ações. Se os pais estabeleceram que dar presentes em datas especiais faz parte de sua dinâmica familiar, há necessidade de orientar as crianças, discutir sobre as diferentes realidades sociais.   As crianças precisam saber que essa prática não é possível para todos.

Alguns pais vivem presenteando seus filhos. Presentear demais mesmo com toda a boa intenção é não dar limites, é potencializar na criança um adulto sem limites, consumista.

Educar com ternura e vigor é a solução para uma educação equilibrada e saudável. 

Liberdade é Responsabilidade

Quanto mais responsável você é, mais livre também é. Se você pensa que liberdade é não ter responsabilidades, o que você está realmente pensando é em “libertinagem”. O único caminho para se tornar livre é pelo comprometimento consigo mesmo. E esse comprometimento só é possível em pessoas que se responsabilizam pelos seus atos.

Esta é uma das questões da humanidade: a questão da liberdade e da responsabilidade. Se você é livre, você a interpreta como se agora não houvesse responsabilidade.

Há somente cem anos atrás Friedrich Nietzsche declarou: “Deus está morto, e o homem está livre. E na próxima sentença ele escreveu, “Agora você pode fazer o que quiser. “Não há mais responsabilidade.”

Nesse ponto ele estava absolutamente enganado, quando não há nenhum Deus, há uma tremenda responsabilidade sobre nossos ombros. Se existe um Deus, ele pode compartilhar sua responsabilidade. Você pode jogar sua responsabilidade Nele: você pode dizer, “Foi você quem criou o mundo; foi você quem me criou deste jeito; é você quem é, finalmente, responsável, não eu. Como eu posso, enfim, ser o responsável? Eu sou apenas uma criatura, e você é o criador. Por que você colocou sementes de corrupção em mim e sementes do pecado desde o começo? Você é responsável. Eu sou livre.”  

Na verdade, fica tudo mais fácil quando há um Deus, um pai, um amigo...alguém para jogar a culpa...não é?

Se não há nenhum Deus, o homem é absolutamente responsável por seus atos, porque não há nenhuma outra maneira de jogar a responsabilidade em qualquer outra pessoa.

Dizer que você é livre, eu quero dizer que você é responsável! Você não pode jogar a responsabilidade em mais ninguém, você está sozinho. E tudo o que você fizer, é você que está fazendo. Você não poderá dizer que alguém o forçou a fazer algo – porque você é livre; ninguém pode forçá-lo a nada. Porque você é livre, é sua a decisão de fazer alguma coisa ou não fazer nada.

Com a liberdade vem a responsabilidade. Liberdade é responsabilidade. Mas a mente é muito esperta, a mente interpreta isso do seu jeito: ela sempre dá ouvidos somente ao que quer ouvir. Ela vai interpretando as coisas à sua maneira. A mente nunca tenta entender o que é realmente a verdade. Ela já tomou a sua decisão.

As pessoas continuam falando sobre liberdade, mas não é liberdade o que elas querem exatamente, elas querem irresponsabilidade. Elas pedem por liberdade, mas no fundo, inconscientemente, elas pedem por irresponsabilidade, abuso de liberdade. Liberdade é maturidade; licenciosidade (abuso da liberdade) é muito imaturo.  Então, se ninguém me vê,  faço, burlo, disfarço, passo por cima de tudo. Faço o que eu quero! Afinal, estou livre!

A liberdade só é possível quando você está tão integrado que você pode ter a responsabilidade de ser livre. O mundo não é livre porque as pessoas não estão amadurecidas.

Revolucionários têm feito muitas coisas ao longo dos séculos, mas tudo falha. Utópicos têm continuadamente pensado em como libertar o homem, mas ninguém se importa – porque o homem não pode ser livre a menos que ele seja integrado.

Somente um Buddha pode ser livre, um Deus pode ser livre, um Zarathustra pode ser livre, pois liberdade significa que o homem agora está consciente. Se você não está consciente então o Estado é necessário, o governo é necessário, a polícia é necessária, o tribunal é necessário. Então a liberdade tem que ser cortada de tudo. Então a liberdade existe somente como um nome; de fato ela não existe. Como pode a liberdade existir quando os governos existem? – Isto é impossível.

Mas o que fazer? Se os governos desaparecerem, somente haverá anarquia. A liberdade não virá com o desaparecimento dos governos, e sim, a anarquia. Será um Estado pior do que é agora. Seria a mais pura loucura. A polícia é necessária porque você não está alerta. Caso contrário, qual é o objetivo de se ter um policial parado num cruzamento? Se as pessoas fossem conscientes, o policial poderia ser removido; teria que ser removido, pois seria desnecessário.

Portanto quando eu digo ‘liberdade’, eu quero dizer responsável. Quanto mais responsável você se tornar, mais livre você será; ou, quanto mais livre você é, mais responsabilidade você terá. Então você terá que estar muito alerta quanto ao que você faz, ao que você está dizendo. Até mesmo sobre os seus menores gestos inconscientes você terá que estar muito alerta – pois não há ninguém mais no seu controle, é só você.

E aí? Se não existissem as leis, “Deus”, a polícia nos cruzamentos você poderia ser livre?  O que você faria se pudesse ser livre, se tiver liberdade de fato e de direito?  Você de fato se responsabiliza pelos seus atos?  Se não tiver ninguém olhando, você age com responsabilidade assim mesmo? 

Você pode ser livre?

 

A Criança e a Timidez 

 

A timidez também se aprende, ela não nasce como parte integrante do ser. A criança tímida aprendeu a ser assim. Trata-se de mais um comportamento pré-fabricado, dentre tantos que existem para rotular os sujeitos, lhes dar identidade. A timidez também se torna um identificador de sujeitos, é a mesma coisa que outros rótulos, tais como, medroso, ou corajoso, culto, popular, extrovertido,etc.
Um indivíduo corajoso, apenas repete os gestos superficiais, alegóricos, que caracterizam aquilo que chamamos de coragem. Assim coragem, ou demonstração de bravura, são simples roteiros que se seguidos à risca, tornam qualquer um medroso, ou corajoso, ou bondoso, não significando, entretanto, que internamente, dentro de si, aquele indivíduo seja qualquer uma dessas coisas. 

 Se, para se fazer um bolo basta seguir um receituário, para ser medroso ou corajoso, vale a mesma regra. É como um ator a representar seu papel teatral daquele dia. Representando, fingindo, ele é capaz de se tornar corajoso, ou extrovertido, ou covarde. Ele pode se tornar qualquer personagem, sem, no entanto, ser nenhum deles de fato.  

Para entender a timidez, precisamos entender como se sente alguém tímido, que fatores externos e depois internos, o levaram a interpretar, na vida real, esse papel ingrato. Mais importante, no entanto, é compreendermos porque existe este tipo de comportamento, esse modelo de personalidade, que faz parte de um sujeito, que às vezes o domina, que o controla e dirige a sua vida, aparentemente, à revelia da sua vontade.  

Sabemos como nasce alguém tímido. Eles são criados a partir das comparações com outrem. Afinal de contas, um tímido é alguém que sempre está em desvantagem, seja em relação a um, seja em relação a muitos. Ele se compara, não porque o deseje, mas porque já foi comparado antes, e logo se sente inferior, é um sentimento de inferioridade, de incapacidade. Logo sua auto-estima é baixa.  

Criamos o tímido quando louvamos qualidades nos filhos alheios, ou dos seus colegas, ou dos seus irmãos, deixando claro que estas, a nossa criança, aquela que é comparada, não possui. Um padrão de beleza que todos desejam ter, que passa a valer como ingresso de aceitação social, como um salvo conduto para merecer a atenção de um grupo, como um ingresso para fazer parte desse grupo, cria ou acentua a sensação de insegurança, própria do tímido.  

Por isso trabalho em grupo é tão importante, sendo essencial, no entanto, que educadores e pais,  criem na turma a idéia de igualdade. Isso se consegue na delegação adequada das tarefas, onde, ninguém deverá receber méritos diferenciados, ou ser elogiado por alguma particularidade. Deve-se elogiar sim, não um autor, mas a qualidade do trabalho, destacando-se as qualidades de cada um, sem classificar como menos ou mais, mas como igualmente importantes quando postas em conjunto, como resultado final. 

 Ao educador (pais e professores) resta o respeito à criança, só assim poderá ajudá-la. 

Compreender a timidez, isto é, seu plano de atuação na formação da psique da criança ou jovem, liberta o adulto inseguro, frustrado, violento e insatisfeito que seria seu futuro. Não podemos menosprezar a sensação de insegurança, que é quase uma regra entre os mais novos, assim como não podemos menosprezar, o medo que tenham, por exemplo, de falarem público. Isso apenas aumenta sua frustração e sensação de pequenez, que por si mesmo já é grande, não precisando, portanto, de alguém para lhes lembrar daquilo que já sabem ser.  

Restaurar a segurança, ou confiança perdida, de uma criança ou jovem, primeiro começa pela compreensão, da parte do educador (pais e professores), de que aquele sentimento merece atenção e consideração. E apenas assim, ao ganhar o respeito do educador que se mostra solidário consigo, ela se mostrará disposta a ouvir seus conselhos.  

Compreender então as diferenças e  respeitá-las assim como o são, deve ser o primeiro passo dos educadores  (pais e professores) que deseja ajudar. Mas só poderá ajudar se o outro o permitir, e este só lhe dará acesso, se confiar em suas intenções. Isso se comprova pelo comportamento, palavras e ações, e nunca com discursos, por mais floridos que possam parecer. O tímido é mais observador que os demais, está sempre atento, até como meio de se proteger dos ataques que sempre acham virão de fora.     

 E finalmente, não se cura a timidez bem como, outros comportamentos diferentes com as comparações, isso apenas tende a agravar o quadro. Comparar um tímido a alguém de comportamento não retraído é o mesmo que fazê-lo sentir-se culpado pelo fato de ser inseguro, quando na verdade ele o aprendeu a ser. Aprendeu de forma involuntária, à revelia de sua vontade, do seu consentimento, sem direito à escolha. É estrutural, pois se instalou no seu inconsciente.  

Pais e professores saibam que um comportamento diferente, assim como os nossos desejos e manias, medos e vaidades, sejam desagradáveis ou não, aprendemos sem o nosso consentimento, se depois os rejeitamos ou aprovamos isso é outra história.  

Timidez é um comportamento que deve ser trabalhado na infância quando a psique do sujeito está em formação, pois um sujeito tímido desenvolve uma estrutura fragilizada, é um sujeito que sempre se sente em desvantagem em relação ao outro ou a um grupo, é alguém que se sente sempre inferior, incapaz, com baixa auto-estima, logo muitas vezes infeliz.  

Na hora de educar, pense nisso!

 

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